Realidade e ilusão: dentro ou fora do quadro?



(Uma)  Leitura de As meninas, de Velázquez



As meninas, de Diego Velázquez (1656). Museu do Padro, Madrid


As meninas, de Diego Velázquez (pormenor)





"Vemos, ao centro, num verdadeiro foco de luz, a infanta Margarida, que tinha apenas cinco anos quando o quadro foi pintado, rodeada pelas damas, las meninas, o nome por que é efetivamente conhecido este quadro de Velasquez. 

À nossa esquerda, tendo numa mão o pincel e na outra a paleta das cores, o pintor dá a impressão de fixar-nos, como se fôssemos nós o tema ou o modelo do que ele está a pintar numa tela de que vemos apenas o reverso: um quadro dentro no quadro. 

À nossa direita, há uma série de outras personagens: cortesãos, bobos da corte, um cão de olhos aparentemente fechados, parecendo dormir. 

Mais ao fundo, numa mancha de luz, uma outra personagem, como que indecisa, não sabendo nós se vai entrar ou sair: José Nieto, de seu nome, camarista da rainha. O braço direito de José Nieto guia-nos direção a algo que parece um quadro, mas que não é na realidade um quadro, antes um espelho onde se refletem duas personagens: o rei Filipe IV e a sua esposa, Mariana. 

Eis as personagens e o cenário, mergulhados ambos num extraordinário jogo de luz, sombra e perspetiva, de tal modo que o espectador é como que arrancado do seu lugar e arrebatado para dentro do espaço do quadro. Assim, o que está dentro ou fora, em vez de opor-se, adquire uma estranha continuidade. Um dos elementos que contribui grandemente para este efeito continuidade é o olhar, o jogo de olhares que Velasquez põe em cena neste quadro. 

Para onde se dirige o olhar das personagens?"


Pode ser o artigo completo de Felipe Pereirinha AQUI.

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Assista a um vídeo onde James Earle e Christina Bozsik analisam a pintura, explicando o contexto e a complexidade por detrás desta obra de arte:





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