Poesia | As três Parcas


Moiras [as três Parcas], de John Melhuish Strudwick



As três Parcas que tecem os errados
Caminhos onde a rir atraiçoamos
O puro tempo onde jamais chegamos
As três Parcas conhecem os maus fados.

Por nós elas esperam nos trocados
Caminhos onde cegos nos trocamos
Por alguém que não somos nem amamos
Mas que presos nos leva e dominados.

E nunca mais o doce vento aéreo
Nos levará ao mundo desejado
E nunca mais o rosto do mistério

Será o nosso rosto conquistado
Nem nos darão os deuses o império
Que à nossa espera tinham inventado.


Sophia de Mello Breyner Andresen. Antologia, Círculo de Poesia Moraes Editores, 3ª edição, 1975,  pág. 147


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👈Gravura em placa de cobre colorida à mão gravada por Jacques Louis Constant Lacerf, segundo ilustração de Leonard Defraine da Mythology in Prints, or Figures of Fabled Gods, Blanchard, Paris, c.1820.

As Parcas, na mitologia romana (moiras - Μοῖραι - na mitologia grega), são três mulheres lúgubres, filhas da noite (ou de Zeus e de Témis). Estas divindades determinavam o destino dos deuses e dos seres humanos, e nem o próprio Zeus podia contestar as suas decisões. São responsáveis por fabricar, tecer e cortar aquilo que seria o fio da vida de todos os indivíduos: Bia (Cloto) tece o fio da vida, Décima (Láquesis) cuida da sua extensão e caminho e Morta (Átropos) corta o fio, pondo termo à vida. Durante o seu trabalho, as moiras faziam uso da Roda da Fortuna, que é o tear utilizado para se tecer os fios. As voltas da roda posicionam o fio do indivíduo em sua parte mais privilegiada (o topo) ou em sua parte menos desejável (o fundo), explicando-se assim os períodos de boa ou má sorte de todos. As três Parcas são também designadas por fates, daí o termo fatalidade. 


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