+Leitur@s | A visão das plantas

 


    A VISÃO DAS PLANTAS
    Djaimilia Pereira de Almeida
    Relógio D´Água
    96 Páginas



“[T]endo começado a vida como pirata a acabou como um santo, cultivando com esmero um quintal de que ainda hoje me não lembro sem inveja. Falava pouco. […] A sua vida anterior fora misteriosa e feroz.
De uma vez com sacos de cal despejados no porão sufocara uma revolta de pretos, que ia buscar à costa de África para vender no Brasil.
Outras coisas piores se diziam do capitão Celestino... Mas o que eu sei com exactidão a seu respeito é que para alporques de cravos não havia outro no mundo."

Foi ao ler "Os Pescadores", de Raul Brandão, que Djaimilia Pereira de Almeida encontrou a frase que haveria de inspirar anos depois "A Visão das Plantas". Raul Brandão fala de personagens que conheceu quando era levado pela mão até ao colégio. Entre eles, estava o capitão Celestino: Celestino regressa, cego, à sua aldeia de origem depois de longo tempo passado no mar. É recebido com desconfiança por parte dos habitantes, conhecedores do seu passado pleno de monstruosidades. Solitário, faz do seu jardim repleto do aroma das flores, o seu espaço predileto, sob o olhar curioso e temeroso das crianças que o espreitam. Sem culpa ou consciência pesada, é nas plantas que encontra o seu refúgio e é delas que recebe retorno. Narrativa envolvente e densa, de beleza e fluidez marcantes.

Resumo da responsabilidade do Plano Nacional de Leitura 2027


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