Saramagueando: ida ao teatro

 

#100Saramago














Amanhã, há teatro!

A Rede de Bibliotecas de Vila Real (RBVR) promove!
O Município apoia!
Os professores de Português da Camilo aderem entusiasticamente!
Por isso, amanhã, todos os alunos de 12º ano vão ao teatro assistir à adaptação de "O ano da morte de Ricardo Reis", de José Saramago, pelo grupo ETCetera.
Espetáculo dirigido aos alunos do Ensino Secundário de Vila Real

















No seu romance “O Ano da Morte de Ricardo Reis”, José Saramago, pelo recurso à intertextualidade, integra um discurso histórico evidenciado por um “olhar novo” acerca dos episódios do passado em relação a uma noção crítica do contexto histórico-cultural português frente ao mundo contemporâneo, precisamente o ano de 1936.

O texto de Saramago traz-nos de volta o heterónimo Ricardo Reis, um dos heterónimos do poeta Fernando Pessoa, precursor do Modernismo português. Transformado em personagem pela pena de Saramago, Reis retorna do auto-exílio no Brasil, onde estaria a viver há dezasseis anos, ao receber a notícia da morte de Pessoa. Depara-se então com uma Lisboa que vive um crucial momento histórico. Esse Reis, imaginado por Pessoa e recriado por Saramago, desembarca numa Lisboa cuja paisagem esboça um passado de glórias monumentais, instituído por nomes e estátuas; por ruas encharcadas pela torrente das chuvas; por um rio que é testemunho ocular dos tempos, dos dias; por figuras míticas, heróis de pedra, deuses cristãos, fechada no seu próprio universo, que é o próprio universo português.

Sobre esta Lisboa que vai tomando forma aos olhos do poeta que regressa, Patrícia Pina, no seu estudo sobre as relações entre os discursos histórico e ficcional intitulado “O Ano da Morte de Ricardo Reis – a ficção e a travessia”, enfatiza: “Essa Lisboa tem traços essenciais, constantemente revisitados por Ricardo Reis, traços que mais parecem pontos catalisadores num complexo e encharcado labirinto: a estátua de Camões, onde convergem pombos e poetas; a de Eça de Queirós, no caminho para a de Camões; a do Adamastor, outra ficção ficcionalizada; a do “...rapazito mascarado...” sempre presente no imaginário português – D. Sebastião. Essa Lisboa não se resolve na ficcionalização, ela é um incessante movimento de água e lembranças. É a travessia entre arte, cultura e história. É onde os rumos mudam de direção e sentido, onde as pedras têm boa memória.” (Revista CAPHS: 2001, p. 386).



Comentários