O PELOURINHO

 


Pelourinho. Fonte: https://www.visitarportugal.pt/vila-real/vila-real/vila-real/pelourinho


O "PELOURINHO", que deu nome ao largo onde atualmente se encontra (meu posto de trabalho), foi concedido, cerca de 1282, por real decreto d' El

Rei Dom Dinis.

Aí permaneceu erecto durante séculos, como símbolo da autonomia do burgo da REAL VILA.

Porém, a ter na merecida conta a indagação histórica do nosso conterrâneo e historiador Sr. António Teixeira, o monumento foi desterrado para as entulheiras da Câmara Municipal, no dia 15 de Julho de 1875, por iniciativa do, então edil, Francisco Vitorino Vaz de Carvalho (da Timpeira, claro, e ainda mais evidentemente, avô do autor).

Pelo constado, a decisão deveu-se ao facto de os prestimosos agrários que abasteciam a cidade de lenhas, carvão, vivos para abate e hortícolas, atavam as arreatas dos jumentos ao pedestal, produzindo "frago," fedências incómodas e estorvo ao trânsito pedonal.

Correu mais de um século até que a Câmara actual decidiu, com geral aplauso (e gáudio do aqui autor, já dito neto do nobre edil Francisco), repor o vetusto Pelourinho no seu antigo posto. Gesto fidalgo e patriótico que o "neto" deixou assinalado no poema singelo que vos dou a ler:


O vetusto Pelourinho
Com seu nobre pergaminho
Já no limite de idade,

Foi no século passado
Apeado e desterrado
Prás escombreiras da cidade.

Com estatuto de "Excelência"
Símbolo da independência
Do velho burgo real,

Tinha as inconveniências
De tresandar as fedências
Do frago do jumental.

Por isso a Edilidade
Ciosa da sanidade
Mais que de velhos orgulhos,

Fez desterrar o tropeço
Mono inútil, sem apreço
P'ró "Pantheon" dos entulhos.

Foi um tal Vaz de Carvalho
Que embirrando com o espantalho
Lhe ditou a extradição.

Mas descontentou a malta
Que protestou pela falta
Do venerando ancião!

Rodaram mais de cem anos
A sofrer tratos profanos
Até que nobres edis,

Num acto justo e carinho
Restituíram o Pelourinho
Aos seus direitos civis!

Agora é vê-lo aprumado
De granito escanhoado
A condizer com a SÉ!

Fidalgo recepcionista
Ali recebe "o turista"
Dizendo: "Entre, quem é!"

Só gente sem sentimento
Quer impor ao monumento
A extradição do país!

Mas na cidade ainda há gente
Mui fidalga e competente:
Parabéns, senhores edis!

Manuel Vaz de Carvalho



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