Camões, 500 anos depois

 


Revista Fios de Letras - vol. 01, nº 02, (Mai-Ago/2024) 
Tefé/AM: EditoraUEA, 2024


Considerado por Cervantes o “cantor da civilização ocidental” e “vale[ndo] [por] uma literatura inteira”, Camões agiganta-se nas letras portuguesas, em particular e nas lusófonas, em geral.
Referência identitária da comunidade portuguesa, em cujo imaginário o seu mito se entrelaça na morte (Almeida Garrett, Domingos Sequeira) numa fusão simbólica que culmina com o estabelecimento de 10 de Junho como “Dia de Festa Nacional e de Grande Gala” em 1880, no tricentenário do seu falecimento, embebido com a festividade do Anjo Custódio três décadas antes. Foi visto como voz da Ibéria e, por extensão, da Europa aspirando ao além de si. E informa, indelevelmente, as literaturas de uma lusofonia cuja geografia percorreu parcialmente, chegando a informar alguns gestos de fundação de novas identidades nacionais lusófonas.
Mais do que expressão de uma época e de uma comunidade, a sua obra pode ser a cápsula do tempo por onde as Artes, as Letras e as Ciências podem ser perscrutadas no enlace do velho mundo cartografado pela antiga épica com a aurora da modernidade e na transformação das e(s)téticas e dos saberes.
Sobre a sua vida, poucas certezas há e, no entanto, das brumas da lenda e do mito, Camões agiganta-se na representação do Homem entre vida e morte, amor e sofrimento, euforia e disforia, ideal e miséria, guerra e paz, “numa mão, a espada e, noutra, a pena”. Vate de um mundo em transformação, é um Autor global de um mundo globalizado.
É essa sua dimensão imensa nas Letras e nas Artes de ontem e de hoje, que, cinco séculos volvidos sobre o seu nascimento, nos sentimos desafiados a perscrutar.
O que faz dele um nosso ‘clássico’, (re)lido e representado, referência cultural central nos programas académicos? Quem e o que contribuiu para a sua mitificação? Como se refrata nas Artes e nas Letras, influenciando-as ou sendo por elas convocado, entre alusão, citação ou figuração? Na contemporaneidade, que obras o revisitam na sua tessitura paródica (Linda Hutheon) e como o fazem? Estes e outros temas convidam à participação neste número especial da Revista Fios de Letras, associado, quer ao X CILB (Colóquio Internacional Luso-Brasileiro) “Artes & Letras em diálogo global: Camões, ontem e hoje!” (25-29/Novembro/2024), onde será apresentado, mas também à vasta e multímoda programação da Exposição Universal da Matriz Portuguesa – Camões 500 Anos (2024-2025).
Nessas comemorações dos 500 anos do nascimento de Luís Vaz de Camões, também a Revista Fios de Letras celebra as suas memória e obra, dedicando-lhes o Dossiê Temático. E fá-lo num enlace globalizante, sinalizando essa vasta dimensão lusófona com a parceria transatlântica Brasil-Portugal promotora deste número.

Organização:
Annabela Rita (Universidade de Lisboa e Universidade Aberta - Portugal)
Isabel Ponce de Leão (Universidade Fernando Pessoa - Portugal)
Kenedi Santos Azevedo (UFRJ/ UEA - Brasil)





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