Filosofia e IA Gen | Entrevista a Olivia Sabuco

Para celebrar o Dia da Filosofia, os alunos do 11º H exploraram as teorias filosóficas através de diálogos críticos mediados pela Inteligência Artificial.
Ontem. dia 21, Dia Mundial da Filosofia, apresentaram alguns dos trabalhos na Biblioteca. De seguida, houve debate.
Reproduzimos aqui uma das entrevistas.
Entrevista a Olivia Sabuco
No âmbito da celebração do Dia Internacional da Filosofia, temos o privilégio de apresentar uma entrevista com uma das figuras mais fascinantes e revolucionárias do pensamento filosófico do século XVI: a filósofa espanhola Olivia Sabuco (produzida com recurso ao Chat GPT), que se destacou não só pelo seu conhecimento profundo da filosofia clássica, mas, sobretudo, pela sua abordagem inovadora e única acerca da condição humana. Na sua obra “A Nova Filosofia da Natureza Do Homem”, explorou a conexão entre corpo e mente, um tema que ainda hoje continua a ser central nas discussões filosóficas e científicas contemporâneas. Assim, com esta entrevista, além de revisitarmos o pensamento desta ilustre filósofa, propomos uma reflexão sobre o papel da filosofia no nosso quotidiano, neste caso em particular, sobre o modo como a visão progressista de Sabuco antecipa discussões modernas, no âmbito da filosofia e não só, sobre saúde, bem-estar e a complexa interação entre o corpo e a mente.
– Olá, boa tarde, Olivia Sabuco. Nós somos a Núria Morais e a Francisca Teixeira, alunas do 11º H, da área de Línguas e Humanidades, da Escola Secundária Camilo Castelo Branco. Temos como propósito fazer-lhe uma entrevista, no âmbito do Dia da Filosofia.
– Boa tarde, Núria e Francisca! Fico honrada com o vosso interesse. É uma alegria ver jovens interessadas em filosofia e em explorar ideias sobre a natureza humana. Estou à disposição para responder às vossas perguntas!
– Para começar, poderia contar-nos um pouco acerca das suas origens?
– Certamente! Nasci em 1562, em Alcaraz, na região espanhola de La Mancha. Sou filha de Francisco Sabuco, um jurista e escritor influente. Tive a sorte de crescer num ambiente culto, onde fui incentivada a ler e a refletir. A minha obra principal, A Nova Filosofia da Natureza do Homem, publicada em 1587, reflete o meu interesse pela medicina, filosofia natural e a busca de um entendimento profundo sobre a conexão entre corpo e alma, que é o centro do meu pensamento.
– Muito bem. Já que menciona a sua obra A Nova Filosofia da Natureza do Homem, gostaríamos de saber o porquê de se ter dedicado ao estudo da natureza humana.
– Dediquei-me ao estudo da natureza humana, porque sempre acreditei que a saúde física e mental estão profundamente ligadas. No meu tempo, muitos pensavam que a mente e o corpo eram entidades separadas, mas eu via uma conexão estreita entre eles. Via a necessidade de entender o homem como um todo: a maneira como os sentimentos e emoções podem afetar o corpo e vice-versa. A minha obra surge, então, como uma tentativa de mostrar que a harmonia entre o corpo e a alma é essencial para o bem-estar e para uma vida plena.
– Certo. Então, segundo a sua obra, de que maneira é que os sentimentos e emoções afetam o corpo e vice-versa?
– Na minha obra, defendo que os sentimentos e emoções têm um impacto direto na saúde física. Por exemplo, emoções negativas como a tristeza, a ira ou o medo podem causar desequilíbrios no corpo, levando a doenças. Da mesma forma, o estado físico afeta o estado emocional: um corpo debilitado ou doente pode tornar a mente mais propensa à melancolia ou ao desespero. Acredito que a chave para a saúde está na harmonia entre corpo e alma, pois ambos se influenciam mutuamente. Por isso, uma vida equilibrada e emocionalmente saudável é essencial para o bem-estar físico.
– De facto, para o seu tempo, tem uma visão muito evoluída. Uma mulher filósofa e pioneira na medicina psicossomática, sentiu que ser mulher numa área dominada pelos homens lhe trouxe muitos obstáculos?
– Sem dúvida, ser uma mulher a escrever sobre filosofia e medicina no século XVI trouxe-me grandes desafios. Na minha época, o campo do conhecimento era dominado por homens, e as mulheres raramente tinham acesso à educação formal. Para ser levada a sério, tive de enfrentar preconceitos que questionavam a minha capacidade intelectual e até a autoria da minha obra. Muitas das minhas ideias foram debatidas e algumas até criticadas, não apenas pelo seu conteúdo, mas também pelo facto de serem escritas por uma mulher. No entanto, creio que justamente por ser mulher consegui trazer uma nova perspetiva sobre o tema da saúde e da mente, que os homens da época não exploravam com a mesma profundidade.
– No decorrer dos seus estudos, inspirou-se em algum, ou alguns, filósofo(s)?
– Sim, ao longo dos meus estudos, fui influenciada por vários pensadores. Um dos principais foi Galeno, o grande médico e filósofo grego, cujas ideias sobre a medicina e o corpo influenciaram o meu pensamento. Também me inspirei na obra de Aristóteles, especialmente na sua visão holística do ser humano, que considera a união entre corpo e alma. Além disso, o pensamento de Platão, com a sua concepção da alma, foi uma referência importante, embora eu tenha abordado essa questão de maneira mais pragmática, ligando as emoções e a saúde física de forma mais prática. O pensamento renascentista, com o retorno ao estudo da natureza e do homem, também teve um grande impacto na minha visão.
– A filosofia que a senhora defende coloca um grande valor na integração entre corpo e mente. Como vê as atuais abordagens terapêuticas, como a psicologia e a medicina convencional, que focam de forma separada no tratamento da mente e do corpo?
– Vejo com preocupação essa separação entre mente e corpo que ainda persiste, apesar dos avanços na medicina e na psicologia. No meu tempo, defendi a ideia de que o ser humano é uma unidade, e o bem-estar depende do equilíbrio entre corpo e alma. Quando a medicina e a psicologia tratam mente e corpo de forma isolada, muitas vezes perdem de vista o impacto profundo que um tem sobre o outro. Acredito que abordagens terapêuticas que integrem corpo e mente — como algumas práticas de saúde holística e certas áreas da psicologia moderna, como a psicologia somática — estão mais próximas do que eu imaginei na minha obra. Idealmente, as práticas de cura devem considerar a pessoa na sua totalidade, respeitando a ligação íntima entre emoções, mente e saúde física.
– Compreendido. Na sua opinião, como é que os conceitos de harmonia e equilíbrio que defende podem ajudar a sociedade contemporânea a lidar com questões como a saúde mental, o stress e as tensões sociais?
– Acredito que o conceito de harmonia e equilíbrio é essencial para enfrentar os problemas atuais de saúde mental, stress e tensões sociais. A vida moderna, cheia de pressões e estímulos constantes, provoca desequilíbrios que afetam a saúde física e mental. Promover o equilíbrio entre trabalho e descanso e cultivar conexões humanas e autocuidado ajudaria a mitigar esses problemas. A harmonia interior também gera empatia e respeito, essenciais para reduzir conflitos sociais e promover uma sociedade mais saudável e pacífica.
– Muito bem. A nossa entrevista chegou ao fim. Muito obrigada pela sua colaboração e disponibilidade. O seu conhecimento permitiu incrementar o nosso entendimento em relação a esta temática e expandir a nossa perspetiva acerca da ligação inegável entre o corpo e a mente, bem como compreender as motivações que a levaram a dedicar-se a um estudo que, de acordo com as ideias do seu tempo, se pode caracterizar como insólito. Foi uma enorme honra termos tido a oportunidade de a entrevistar e ficar a saber mais sobre a sua história.
– Muito obrigada, Núria e Francisca! Foi um prazer partilhar convosco o meu pensamento e a minha visão sobre a natureza humana. Espero que estas ideias vos inspirem e ajudem a refletir sobre o equilíbrio entre corpo e mente nas vossas próprias vidas e estudos. Desejo-vos muito sucesso no vosso percurso académico e que continuem a explorar o mundo da filosofia com curiosidade e paixão. Foi uma honra ser parte do vosso Dia da Filosofia!
Olívia Sabuco (1562-1622)
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