Miguel da Silveira e Luís de Camões - uma vivência comum: o desamor da pátria
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Celebração do dia do nascimento de Camões - 23 de janeiro
Como previsto, realizou-se hoje, pelas 9:10, no auditório 1, a palestra A "apagada e vil tristeza" de Miguel da Silva e Luís e Camões, orientada pelo Dr. Álvaro Pinto.
Assistiram os alunos do 11º C, 12º D e 12º e vários docentes da escola.
Foi, sem dúvida, uma palestra muito interessante, de excecional qualidade (a que o professor Álvaro já nos habituou)!
👉 Quem foi D. Miguel da Silva
Quase a terminar Os Lusíadas, Camões lamenta a "apagada e vil tristeza" em que a Pátria está metida:
Não mais, Musa, não mais, que a Lira tenho
Destemperada e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida.
O favor com que mais se acende o engenho
Não no dá a pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e na rudeza
Duma austera, apagada e vil tristeza.
Canto X, est.145
Este cenário, digamos, distópico, inclui o desinteresse pelas artes e pelos artistas e o excesso de materialismo. A verdade é que o autor que lega a Portugal a epopeia lusitana acaba por morrer na miséria.
Da mesma "apagada e vil tristeza" e desamor da pátria se poderia queixar D. Miguel da Silva (1480-1556), nobre português, embaixador em Roma, Bispo de Viseu (em 1526) e Cardeal da Igreja Católica Romana (em 1539). Figura proeminente da corte de D. Manuel I, afamado pela sua cultura clássica e pelo seu domínio das línguas antigas, foi amigo pessoal do pintor Rafael e do escritor Baldassare Castiglione, que lhe dedicou a sua obra-prima Il libro del Cortegiano (O Cortesão, em português).
Apesar do seu prestígio internacional como homem de cultura e do círculo influente em que se movia (ou talvez por causa disso), acaba por cair em desgraça junto de D. João III. O seu desvalimento junto do rei resultou de um contínuo acumular de tensões e crispações. Vendo a sua posição deteriorar-se rapidamente, fugiu para Itália em 1540, escapando por uma questão de horas a uma ordem régia de prisão. Em Roma, recebeu-o calorosamente o Papa Paulo III.
D. João III nunca lhe perdoou a fuga. Desnaturalizou-o, condenou-o por traição, em 1542, moveu influências para que fosse extraditado, tendo mesmo planeado assassiná-lo. Apesar da fúria régia, viveu os últimos 15 anos da sua vida em Roma cumulado de riquezas e mercês. Faleceu em Roma, a 5 de junho de 1556, sendo lembrado como um grande humanista e patrono das artes e letras.
D.
Miguel da Silva teve um papel importante na introdução do pensamento
renascentista em Portugal. A sua experiência em Itália e o seu mecenato
ajudaram a difundir as ideias humanistas, mesmo que o seu exílio tenha
limitado a sua influência direta no reino.
É considerado uma das figuras mais ilustres do humanismo português.
Camões 500 anos
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