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#alermaisemelhor
O Porto é a cidade das cidades. Esta afirmação resulta de um processo de estudo do território portuense na contemporaneidade, fundado em trabalho de campo, num contexto de investigação de raiz qualitativa e de prática letiva. Ao contrário do que poderíamos esperar - encontrar uma cidade homogénea, entretecida numa urbanização que tivesse encetado processos de substituição dos territórios edificados - o panorama surgiu-nos radicalmente diferente: várias "cidades" que cabem numa só. De facto, o Porto é constituído por várias "cidades" que se articulam entre si e que convergem na formação da identidade e da imagem, resultando daí uma riqueza de análise bastante interessante tanto para o investigador como para o "viajante" em rotas urbanas organizadas, como simplesmente para o mero flâneur nas suas derivas.
As 19 cidades elencadas neste ensaio do arquiteto e urbanista Mário Mesquita:
Há: a Cidade dos Fluxos, “a cidade do quotidiano, mais apressado ou mais lento, que vivemos cada dia”, onde a mobilidade e o acesso marcam o passo do funcionamento diário; a Cidade das Aldeias, marca que o Porto conserva, apesar das mudanças nos últimos 150 anos, e que a distingue de “outras urbes que substituíram completamente o seu perfil por traçados que ignoraram tudo o que antes se edificara”; a Cidade da Deriva, quando nos deixamos ir, “distanciamo-nos sempre do centro, sem rumo e sem destino”, aprendendo “com passos incertos”, “compreendendo um pouco mais as suas dinâmicas”; a Cidade Escondida, “Como uma boneca russa que fôssemos descobrindo na justa medida da nossa curiosidade. (…) Lugares que são uma extensão do espaço público”; a Cidade Flâneur, que remete para uma forma peculiar de nos relacionarmos com a cidade, para o “anonimato persistente de quem apenas quer andar livremente observando e percebendo o espaço, em busca de sensações” […] dela “pintando quadros inacabados”. A Cidade Judaica, de ruas estreitas, “vielas tortuosas e becos”; a Cidade dos Pescadores, resistente “em dois ou três núcleos nas duas margens da foz do rio”, embora já não em exercício de funções; a Cidade da Pobreza, daqueles que fazem da rua a sua casa; a Cidade da Resistência, com um extenso roteiro, abrangendo “várias épocas históricas determinantes para a cidade e para o País”; mas também a Cidade da Indústria, a Cidade da Luz, a Cidade Subterrânea, a Cidade Romântica…
Mário Mesquita. Porto: a cidade das cidades, Porto: U. Porto Press, 2025.
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